26 de jun. de 2013

Bate-papo reúne Alessandro Atanes e Marcelo Ariel na Biblioteca de Cubatão

Atanes lançou o livro "Esquinas do mundo". Palestra fez parte da programação da 38ª Semana Afonso Schmidt.
Um passeio pela história por meio da literatura: é isso que o jornalista Alessandro Atanes propõe no livro "Esquinas do Mundo", que foi tema de um bate-papo na Biblioteca de Cubatão nesta quarta-feira (26). Ao lado do escritor Marcelo Ariel, a tarde foi regada a conversas e breves análises sobre os escritos, outros autores e considerações acerca da condição humana.

Mestre em História Social, Atanes falou sobre 11 textos que entram nessa publicação e na balança entre história e literatura. Nomes como Pablo Neruda e Elizabeth Bishop, que mostram por meio dos escritos uma visão bastante particular sobre o Porto de Santos. Já outros autores - santistas - como Narciso de Andrade, Ademir Demarchi e Madô Martins, descrevem e poetizam um cais tão próximo de suas vidas. "Apesar do espaço geográfico ser o mesmo, a realidade é interpretada de maneira completamente diferente pelos escritores. É isso que proponho, conhecer um pedaço da história por meio de textos de ficção", comentou Alessandro.

Os ensaios de "Esquinas" podem ser lidos também pelos interessados em questões gerais sobre a relação história-literatura. Isso acontece, por exemplo, no poema discutido nesta tarde: "Caranguejos aplaudem Nagasaki", presente no livro de Atanes e originalmente publicado em "Tratado dos anjos afogados", de Ariel. O poema foi lido como um monumento às vítimas do incêndio que vitimizou dezenas de famílias que sobreviviam em palafitas erguidas sobre oleodutos.

O autor, Marcelo Ariel, participou da conversa, falando sobre a construção, desenvolvimento e elementos dessa poesia que faz com que Vila Socó estacione na história, na esperança de que nunca se repita. "O poema se apodera do pesadelo porque são as próprias vítimas que falam acerca do incêndio. Tudo em poesia é símbolo, é metáfora. A mulher incendiada ali também é incendiada por dentro, no sentido de mostrar como a vida humana era e ainda é tratada no Brasil", afirmou o escritor. Houve bastante participação do público, principalmente sobre esse assunto, ainda tão próximo de muitos cubatenses que ainda se lembram da tragédia ocorrida em 1984. Em uma atitude simbólica, Ariel partiu ao meio uma máscara, refletindo sobre a condição humana, a verdade (ou a falta dela) e os limites já estabelecidos.

Vale lembrar que é de Ariel o texto de introdução do "Esquinas do Mundo". Como é comum que obras de ficção tenham uma introdução analítica, descritiva ou crítica, o poeta foi convidado para fazer o inverso, um texto de ficção que antecede os ensaios.

Fotos: Morgana Monteiro

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