15 de jun. de 2009

Adélia Prado: a escritora que cuida do seu jardim secreto


Uma das maiores escritoras brasileiras da atualidade participa do projeto “Viagem Literária” em Cubatão

Biblioteca Central de Cubatão lotada e não somente de pessoas vidradas em poesia, mas cheia de gente completamente curiosa a respeito de Adélia Prado. A escritora participou nesta segunda-feira (15/6) de um bate-papo dentro do projeto “Viagem Literária”. Antes das perguntas, Adélia falou sobre o projeto que tem por objetivo incentivar o gosto pela leitura. Para ela, a missão de formar um leitor de qualidade começa na escola, em casa, quando conseguimos despertar nesse potencial leitor, os sonhos, desejos e sentimentos que nos humanizam.
Adélia já foi professora e por isso fala com propriedade. Para ela, a apreciação da leitura tem de ser natural na criança, no jovem, não pode se tornar um peso. Dona de idéias contundentes, comentou o fato de obras de grandes nomes como Machado de Assis, Guimarães Rosa, serem hoje obrigatórias, lamentando o fato desses livros não irem além disso para várias pessoas. Para ela, muitos lêem, fazem a prova, se formam sem nunca saber o que há no jardim secreto desses autores: “Somos o país da ignorância diplomada”, afirma.
Entre um comentário e outro, uma oportunidade ímpar: Adélia Prado recitou algumas linhas de Carlos Drummond de Andrade, considerado por ela, o nosso maior poeta e, justamente, a pessoa que a revelou como escritora. “Poema de sete faces”, “Notícias amorosas”, foram alguns deles. Adélia vê os poemas de Drummond como um grande espelho porque dizem exatamente aquilo que pensamos um dia.
Recitou algumas poesias de sua própria autoria a pedido do público, inclusive “Oráculos de maio”. Adélia diz que cada vez que lê um poema, descobre uma face diferente dele e esse apaixonamento é o combustível para sua alma, seu espírito. “A literatura trata da experiência humana no planeta Terra. O leitor se apropria do texto porque o texto se torna dele. A vida da alma é que é preciso cultuar!”, acrescenta Adélia Prado.
Autora de 14 livros publicados (prosa e poesia), muitos deles traduzidos para inglês e espanhol, aos 74 anos de idade, Adélia Luzia Prado Freitas é mineira, casada com um bancário aposentado, mãe de cinco filhos... como ela mesma diz, “é um estranhamento eu fazer poesia!”. Mas não para quem já leu algum de seus livros. Adélia tem o olhar atento para a coisa que realmente interessa: a vida.
Para a jornalista cubatense Goimar Dantas, a autora encanta as platéias por onde passa. “Adélia é uma das poucas que curte a própria poesia e tem o dom da oralidade. É sempre uma alegria ouvi-la declamar poemas, expressar idéias. Ela é completamente acessível porque fala ao nosso coração”, afirma.
A presença de Adélia Prado tornou diferente esta tarde em Cubatão. Houve gente que perguntou, houve também quem apenas a abraçou e agradeceu pelos seus poemas. A Secretária de Cultura e Turismo, Marilda Canelas e o coordenador das Bibliotecas da cidade, Welington Borges, ressaltaram a importância da autora na literatura brasileira e o quanto representa para o município, recebê-la dentro do “Viagem Literária” que contempla 55 municípios paulistas. Esta é apenas a primeira atividade do projeto. Até o fim do ano serão mais quatro atividades, como bate-papo com autores, oficina de contação de histórias e de criação literária.
A autora disse algo interessante sobre Cubatão. Tinha na memória o retrato de uma cidade de concreto, cheia de fábricas. “Esta é a primeira vez que venho a Cubatão. Quando cheguei aqui, vou ser sincera, esperava um clima cinza. Mas a primeira coisa que vi foi uma avenida cheia de árvores. Fiquei observando isso. A natureza presente é uma tentativa de levar esse alimento à alma”. A via à qual Adélia Prado se referiu é a Avenida Tancredo Neves. E nós? Será que observamos essa beleza tão cotidiana, tão simples e tão profunda??? Fonte: Assessoria de Imprensa/PMC

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