Olá pessoal!
Ter a historiadora Celma de Souza Pinto como colaboradora na equipe da Biblioteca e Arquivo Histórico de Cubatão - SECULT é um luxo! Funcionária pública de Cubatão, retorna entre nós e espero que assim permaneça contribuindo com seus exímios estudos. Autora de vários livros que retratam a história da cidade, dentre eles o da Cia Anilinas, nos presenteia com seu trabalho de tanto saber!
O Arquivo Histórico tem muito orgulho de a receber e tem tudo a ver com seu perfil!
Faço até um apelo, FIQUE!
Sua presença nesta publicação contribui e muito para nos apropriarmos um pouco mais do nosso escritor - poeta - jornalista cubatense Afonso Schmidt, que amanhã, 29 de Junho aniversaria! Aprecie essa bela leitura!
SEMANA AFONSO SCHMIDT 2020 em ensaios e registros virtuais, e se tudo caminhar bem, para melhor acontecer em Junho de 2021!
Até lá!
Não percamos a Fé!
Dani Da Guarda
Chefe de Divisão de Bibliotecas e Arquivo Histórico
Afonso Schmidt
"Não sou um
intelectual que serve ao povo, mas um homem do povo mesmo, que tem a faculdade
de se exprimir em arte”.
Em 29 de junho de 1890
nascia em Cubatão o escritor Afonso Schmidt. Filho de João Afonso Schmidt,
natural de Cananéia, e de Odila Brunckenn Schmidt, de Cubatão, eram
descendentes de alemães.
A infância de Afonso Schmidt foi
marcada pelas dificuldades financeiras. A família de bananicultores morou em
locais diferentes de Cubatão, como Itutinga e próximo à ponte do Rio Cubatão,
permitindo ao menino a exploração de tudo que a região podia oferecer naquele
momento: natureza, banhos de rios, caçadas e muita observação. Em romances
autobiográficos, como Menino Felipe (1950) e Bom Tempo (1956),
Afonso Schmidt retrata aspectos físicos, econômicos, geográficos e o modo de
vida de Cubatão do final do século XIX e início do século XX, especialmente
quando o autor narra a sua infância.
O próprio Schmidt assim se refere à sua
obra:
O Menino Felipe é um cubatense do alvorecer do século, quando a nossa
terra não passava de uma estrada. Ele atravessou a nado o rio Cubatão (lá em
cima) e brincou com todos os moleques do seu tempo, dos quais guarda as
melhores saudades. Ele estudou nas escolinhas do bairro e mais tarde cultivou a
sua arte apesar de todas as dificuldades e, principalmente, sonhou. Foi soldado
do “petróleo é nosso”. Viajou algumas vezes sem tostão pelo mundo inteiro
levando pendurado ao pescoço, como bentinho, o nome de Cubatão... O Menino
Felipe, talvez seja corujice de minha parte – é o primeiro romance escrito no
Município, do Casqueiro ao Alto da Serra. Apresenta sua paisagem, os seus
costumes, algumas de suas figuras. Menos, está claro, aquelas da fantasia que
enxertei para alcançar o efeito literário mas que, na realidade, só serviram
para afeiar a obra. O povo daí é tão bem que eu, para armar o contraste, tive
de inventar os maus, os antipáticos. (Schmidt, 1957).
Afonso Schmidt foi escritor, poeta e
jornalista. Desde menino manifestou vocação literária, publicando seu primeiro
livro de poesia, Lírios Roxos, aos quinze anos. Seu estilo literário
figura nas correntes chamadas Parnasianismo e Simbolismo. No início da sua
carreira como jornalista, trabalhou em jornais de Santos e de São Paulo. A
partir de 1920, começou a participar de um ambiente jornalístico mais
prestigiado, trabalhando em grandes jornais paulistas e alcançando grande
notoriedade popular. Foi reconhecido como um dos grandes cronistas da capital
paulista pelo livro São Paulo dos Meus Amores (1954).
Sua obra é extensa em diversidade de
títulos, número e volume das tiragens, com mais de 40 trabalhos e cerca de 500
mil exemplares vendidos somente pelo Clube do Livro. Teve uma breve incursão no
teatro com as peças. As levianas e Carne para Canhão. Schmidt
recebeu inúmeros prêmios. O mais importante, o de “Intelectual do Ano”, em
1963, foi o Prêmio Juca Pato, promovido pela União Brasileira de Escritores e
pelo jornal Folha de S. Paulo. Foi membro honorário do Instituto
Histórico e Geográfico de São Paulo e ocupou a cadeira número 10 da Academia
Paulista de Letras. Morreu em São Paulo, no dia 3 de abril de 1964, aos
73 anos.
Aclamação de Afonso Schmidt por amigos e editores pelo prêmio da Revista “O Cruzeiro”, organizadora do concurso literário de 1948 no qual foi vencedor com a obra Menino Felipe. Fonte: Biblioteca Nacional.
Pintura do artista plástico Jean Luciano. Fonte: Novo Milênio
Jean Luciano, o pintor de Afonso
Schmidt
Mesmo
quem não leu ainda a obra de Schmidt, “Menino Felipe”, que aborda sua infância
em Cubatão, tem uma imagem bem nítida de como seria o menino Felipe. Isso é
possível porque em algum momento todos, de alguma forma, já viram a pintura do
menininho loiro, descalço, trajando camisa branca e bermuda azul. Ao seu lado,
seu cachorrinho andando em meio aos bananais rumo a um Cubatão futurista.
Essa imagem tão familiar aos
cubatenses é obra do artista Jean Ange Luciano. Esse francês nascido em Hyères,
no Sul da França, em 1936, é um antigo conhecido de Cubatão e não só pelas
pinturas encomendadas pela prefeitura. Chegou a morar na cidade na década de
1970, depois residiu em Santos onde realizou inúmeras exposições. Desde
os anos de 1980 retornou ao seu país de origem, mas nunca deixou de voltar à
cidade onde mantem esse vínculo sentimental.
Reprodução incluída
no livrete de 1974 da P.M.C. Fonte: site Novo Milênio
Além
se fazer referência à infância de Schmidt, nessa pintura o artista também faz
alusão a outra obra emblemática sobre Cubatão que é Zanzalá e o
Reino do Céu (1936), obra de ficção futurista publicada em capítulos no
jornal O Estado de São Paulo e popularizada em 1949 pelo Clube do Livro. Nesse
livro, apresenta Cubatão no ano de 2029 como uma cidade ideal, voltada para as
artes e a música. Um mundo utópico onde haveria harmonia e simplicidade entre
as pessoas, apesar do avanço tecnológico, tendo a cultura como a base da
sociedade. O artista também fez capa e ilustração de livros com
referência a essas obras.
Ao Jean Luciano só temos que agradecer
por dar vida ao menino Felipe, eternizado não só na literatura de Afonso
Schmidt, mas também na imagem que guardamos do personagem tão caro para nós.
Além desses trabalhos, esse pintor fez
réplicas das pinturas históricas do pintor santista Benedito Calixto ((1853 –
1927), e que ornamentam o Paço Municipal, além dos desenhos em Bico de Pena dos
prefeitos da cidade.
Capa da publicação
da palestra proferida por Jorge Ferreira da Silva na Câmara Municipal
cubatense, em 29 de junho de 1972, e na qual Jean Luciano apesenta em desenho
da utopia futurista de Afonso Schmidt na obra Zanzalá e o Fonte: http://www.pimentel.jor.br/cubatao/ch036b.htm
Em tempos de quarentena a Biblioteca
e Arquivo Histórico João Rangel Simões permanece fechada para consulta pública,
não estando disponível para empréstimo os livros de Schmidt. Porém, alguns
livros do autor podem ser encontrados em formato digital com acesso livre na
internet, a saber:
A sombra de Júlio Frank (romance):
Colônia Cecília:
Lista das obras de
Afonso Schmidt
Poesia
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Miniaturas
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Lusitania
Prosa
·
Brutalidade
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Os impunes
·
O dragão e as virgens (fantasia)
·
Pirapora
·
As levianas
·
Passarinho verde
·
Ao relento (fantasia)
·
Kellani
·
A revolução brasileira (crônicas)
·
A nova conflagração
·
O evangelho dos livros
·
Os negros
·
Carne para canhão
·
Curiango
·
A sombra de Júlio Frank (romance)
·
Colônia Cecília (romance)
·
A Marcha (romance)
·
O Menino Felipe (romance)
·
O Tesouro de Cananeia (contos)
·
A Vida de Paulo Eiró (crônicas)
·
São Paulo de meus Amores (crônicas)
·
A Primeira Viagem (autobiografia)
Referências
Bibliográficas
Biblioteca
Nacional. Disponível em http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=003581&pesq=cadeiras&pasta=ano%20193. Acesso
em 02 jun. 2020.
Instituto
Histórico e Geográfico de Santos. Disponível em: http://www.ihgs.com.br/cadeiras/patronos/affonsoschmidt.html. Acesso em 01 jun. 2020.
PINTO,
Celma de Souza. Cubatão, história de uma cidade industrial. São Paulo: Ed. Do
autor, 2005.
Site
Novo Milênio. Disponível em http://www.pimentel.jor.br/cubatao/ch036e.htm. Acesso em 01 jun. 2020.
Wikipédia
Celma de Souza Pinto
Historiadora-
Matrícula 5126/3
Arquivo Histórico
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