3 de set. de 2010

Biblioteca fica lotada de jovens durante visita de João Carlos Marinho

O autor participou do projeto Viagem Literária no dia 22 de setembro


O escritor João Carlos completa 75 anos daqui alguns dias, mas o seu discurso realmente não tem idade. Tanto que a Biblioteca Municipal de Cubatão ficou simplesmente lotada de jovens entre 11 e 14 anos, adolescentes que queriam ouvir pessoalmente as histórias daquele que é um dos maiores autores da literatura infantojuvenil brasileira. João Carlos Marinho participou de mais uma etapa do projeto Viagem Literária nesta quarta-feira (22/9) à tarde. Participaram alunos das Unidades Municipais de Ensino Bernardo José Maria de Lorena (Vila Nova) e Mário de Oliveira (Vale Verde).
Não bastaram as dezenas de cadeiras disponíveis na Sala de Leitura da Biblioteca. Os estudantes não demoraram a sentar no chão e, de olhos atentos, prestar atenção à palestra de João Carlos Marinho. O autor iniciou o encontro falando um pouco de sua vida e do primeiro título que escreveu, "O gênio do crime", tema do bate-papo, inclusive. Embalado por suas vivas memórias da época em que colecionava figurinhas de futebol, o escritor teceu uma linha que o aproximou de cada adolescente ali: a busca pela novidade. Para ele, participar do Viagem Literária lhe proporciona a oportunidade de estar em contato com alunos de escolas públicas, o que considera incrível: "Minha missão agora é cuidar dos netos e estar em lugares tão simpáticos como esse para falar da minha Literatura", disse.
"O gênio do crime" narra as aventuras de um grupo de amigos que investiga um bando de falsificadores de álbuns de figurinhas. E foi essa história divertida que encheu a tarde dessa meninada que não parava de perguntar. João Carlos Marinho respondeu a todas as questões pacientemente: sobre sua vida, do tempo em que estudou na Suíça, do ofício de ser escritor, da inspiração para criação de cada obra. Muitos ali descobriram que o autor morou na cidade de Santos quando era criança. "Quando cheguei aqui e vi o prédio maravilhoso da Biblioteca de Cubatão me lembrei das construções que existiam em Santos, da época em que eu vivi lá. Me senti em casa", afirmou João Carlos.
Falando sobre "Gênio do crime" e outros de seus romances em prosa, 12 deles dedicados ao mundo infantojuvenil e mais quatro aos adultos, Marinho discursou sobre o ofício de escrever e falou, em tom de conselho, sobre a vocação própria que cada um deve seguir na vida. "Queria mesmo era fazer histórias em quadrinhos. Mas depois de um ano de aulas de desenho, quando ainda morava em Santos, desenhava pior do que quando comecei. Desisti dos quadrinhos e foquei somente na Literatura", disse, orgulhoso de sua escolha.
De acordo com ele, todo escritor precisa ter intimidade com a Literatura, e também com a vida. Antes de escrever seus livros, os escritores vivem, têm experiências e transportam tudo isso para o papel. E foi isso que ele fez em "O gênio do crime". A história que encantou várias gerações é, até hoje, uma das mais divertidas sagas da Literatura Infantojuvenil Brasileira - um sucesso que já dura 40 anos (o livro foi lançado em 1969).
Segundo ele, os prêmios não são importantes, pois não devem se tornar essenciais para o escritor. Bons enredos, sim, são imprescindíveis. O escritor fica feliz em ver sua obra divertindo a criançada. Como bom contador de histórias que é, João Carlos Marinho falou sobre um episódio que a filha dele presenciou dentro um ônibus lotado: havia um menino sentado em uma das poltronas que ria sem parar. Ao olhar para o jovem, a filha do autor viu que o garoto estava lendo justamente "O gênio do crime". Ela, então, contou à criança que o escritor do livro era seu pai. O menino respondeu que era a décima vez que lia aquele exemplar. "Foi a melhor crítica que eu já recebi", arrematou o autor.
Texto: Morgana Monteiro
Fotos: Rodrigo Fernandes

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