14 de jun. de 2020

Homenagem ao nosso querido, Arlindo Ferreira.

Cubatão sempre contou com muitos causos! É uma cidade assim, pitoresca, cheia de assuntos e acontecimentos para se contar! E para isso também contou com grandes personalidades da cidade. Tanto nos contos, causos, prosas, conversas ...como nos contadores! 
Sr. Arlindo Ferreira assumiu muito bem esse papel durante décadas e escreveu livros sobre as Famílias Cubatenses e suas histórias para ficarem na memória daqueles que não viram ou souberam quem passou por nossa cidade e como tudo começou. Há raiz em Cubatão pé de serra! Existem os que chegaram, mas existem os que aqui lavraram terras e cultivaram a terra para angariar os frutos e o crescimento na visão do cenário Brasil e como um todo. Nada melhor que o texto do amigo historiador de Cubatão, Welington Borges, para registrar aqui o legado e  a passagem , assim perpetuando a memória com a continuidade. 
Descanse em paz, lindo Arlindo! 
A história continua...gratidão!

Daniela Da Guarda 
Chefe de Divisão de Biblioteca e Arquivo Histórico

ARLINDO FERREIRA
E A PRESERVAÇÃO DE NOSSA MEMÓRIA

O dia 17 de maio ficou marcado na história de nossa cidade. Perdemos nosso historiador maior, ou melhor dizendo, nosso maior memorialista. Afinal, historiador é aquele que interpreta a História do lado de fora e, até certo ponto, isento. O memorialista não! Ele é parte desta história. Ele a sentiu, a viveu de forma apaixonada e intensa. 
Arlindo Ferreira nasceu em Cubatão no dia 22 de março de 1937. Para ser mais exato, nasceu na Fabril — bairro histórico e que foi fonte inesgotável de inúmeras memórias transcritas de forma divertida em seus famosos causos. Estes causos eram pequenos textos contando os fatos corriqueiros da cidade, inicialmente publicados em jornais locais. Embora despretensiosos, possuíam grande valor histórico pois guardavam informações importantes para a compreensão do contexto em que se desenvolvia a cidade. Também conferia ao povo simples, um lugar de destaque na história ao lado de figurões da política e da sociedade cubatense.
O dia 3 de abril de 2009, foi um dia memorável para nosso memorialista. Neste dia, Arlindo Ferreira realizava um de seus grandes sonhos: lançar o primeiro volume dos Causos Cubatenses. De fato, foi um acontecimento na cidade. O evento reuniu centenas de pessoas de diferentes gerações.
Dono de um acervo invejável de imagens e memórias, Arlindo nunca parou. Continuou produzindo e divulgando suas histórias onde quer que o convidasse. Nesse sentido, desenvolveu um grandioso trabalho de Educação Patrimonial colaborando inclusive com órgãos como o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Cubatão na elaboração de estudos de preservação do patrimônio cultural material e imaterial do município.
O Causos Cubatenses 2 veio à lume no dia 5 de abril de 2018, trazendo uma nova coletânea de causos que Arlindo cuidadosamente mantinha em seus arquivos. Neste volume, o autor se aprofundou em histórias antigas como também, em causos mais recentes do quotidiano local. Ambas as edições contaram com a colaboração da empresa Terracom, sempre parceira do autor. No momento, o autor trabalhava na edição do terceiro volume. O Causos Cubatenses 3 era seu grande desejo. Seu acervo, segundo ele mesmo destacava, daria para encher diversos livros.
Sua morte deixa uma lacuna que talvez não se possa tão cedo preencher. Outros o precederam: José Gouveia, Maria Albertina (Nenê) e Ayres Coutinho... E assim, nossa memória vai se acabando...
Neste momento em que ressurgem projetos de revitalização do Instituto Histórico e Geográfico de Cubatão, cuja primeira presidência foi ocupada por Arlindo Ferreira, possamos valorizar mais nossa história colaborando com a preservação e manutenção da memória cubatense. Talvez seja essa nossa grande homenagem ao nosso memorialista maior.

Texto : Welington Borges
Historiador - SECULT - Secretaria de Cultura de Cubatão

Foto: acervo do Arlindo Ferreira -CAMP Cubatão


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