16 de jun. de 2020

Semana Afonso Schmidt -Com a palavra, Arquivo Histórico.

Aos fundos da Biblioteca Municipal de Cubatão Prof. João Rangel Simões - que recebe esse nome porque um dos seus ilustres funcionários foi justamente este professor de Literatura bem conhecido da cidade, onde até seu acervo pessoal de livros consta na nossa  Biblioteca, como acervo permanente - temos o Arquivo Histórico com o armazenamento, conservação e catalogação de muitas pesquisas, teses, fotos, jornais, documentos arquivados  para preservação da memória cultural da nossa cidade. Sempre limpo e impecável na medida do possível, todo o capricho e cuidado provindos por dois funcionários apenas, João Baptista de Oliveira Neto e Francisco Rodrigues Torres, este último, que nos agracia com o texto abaixo onde esboça  e comenta sobre livros do escritor-poeta-jornalista  cubatense Afonso Schmidt, em especial o livro  SALTIMBANCOS  que no post anterior a  contadora de estórias Nalva Leal ensina passo à passo a dobradura do palhacinho, temática circo.
Ler Afonso Schmidt é se apropriar da história de Cubatão. É saber e compreender através da visão desse doce escritor, o quão importante ele ainda é para nossa cidade e o quanto nossa cidade foi um dia tão importante para ele. Memória faz História! Na Biblioteca temos como fornecer a leitura de livros de Afonso Schmidt apenas no local, por se tratarem de relíquias e o cuidado com manuseio. Agora caso haja interesse do leitor buscar exemplares, na internet existem sites que vendem por preços super em conta podendo assim adquirir o seu relicário.

Até mais,

Dani Da Guarda
Chefe de Divisão de Biblioteca e Arquivo Histórico

SCHMIDT, O SALTIMBANCO



O escritor Afonso Schmidt (1890-1964) produziu algumas obras que se tornaram emblemáticas ao abordar eventos históricos, autobiográficos ou lendas entre outros temas. A fluidez da escrita pode ser percebida em obras como “Menino Felipe”, “A locomotiva”, “A sombra de Júlio Frank” ou a “A marcha” correspondem alguns exemplos de sua vasta seara. No entanto, há um livro não muito difundido, provavelmente pela ausência de reimpressões, intitulado “Saltimbancos”, publicado pela Editora Saraiva em 1950 e que demonstra a capacidade de Schmidt em descrever os tipos humanos de forma arguta com precisão em conectar personagens, momento histórico e o ambiente físico.
O título da obra se refere aos artistas que se apresentam em circos, ruas, praças, cinemas e teatros menores, ou seja, os que tornam a arte acessível àqueles que possuem poucos recursos. Ambientado nas primeiras décadas do século XX, os atores, músicos, equilibristas, engolidores de fogo, bailarinos, trapezistas, dentre outros, se esforçam em manter viva sua arte. O escritor escolheu abordar a vida do protagonista Moacir Marques, porém mais conhecido como “Aladino, o Mágico”. A partir desse personagem Afonso Schmidt desvenda os anseios, as vivências, as dificuldades, o dia a dia, os perrengues que acompanham os profissionais da arte. Em determinado momento da narrativa, o autor apresenta situações de desemprego entre os artistas. Na segunda parte do livro, há citação do surgimento dos filmes falados que, consequentemente, produziu o desemprego de músicos, cantores, declamadores. A tecnologia substituía o elemento humano. Apesar das dificuldades da profissão, acrescidas pelo alcoolismo, o protagonista desvenda os bastidores da profissão de forma singular em suas andanças pela capital e litoral de São Paulo. Aladino, em várias oportunidades, se vê desempregado, sem dinheiro, sem fama, mas, ainda assim, com o olhar brilhando de esperança.
Nesse livro, Afonso Schmidt se esmera em retratar os erroneamente denominados “artistas menores”. Ao abordar tais personagens e, principalmente, ao demonstrar suas virtudes e fraquezas, o autor homenageia os que vivem e morrem exercendo sua profissão. Nessa homenagem há, além do reconhecimento, a admiração irrestrita àqueles que tornam o mundo mais habitável por defenderem a Arte.

Francisco Torres
Arquivo Histórico de Cubatão
Junho de 2020

Fonte: SCHMIDT, Afonso. Saltimbancos. São Paulo: Saraiva, 1950. 229 p.

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