21 de jun. de 2010

35ª SEMANA AFONSO SCHMIDT


A programação, que vai de 29/6 a 2/7, está eclética: haverá tombamento do Grupo Rinascita como bem imaterial, bate-papo com escritores e Varal de Poesias e Textos

          A tradicional Semana Afonso Schmidt já tem data definida: vai ser de 29/6 a 2/7. A programação está recheada de novidades, como o tombamento do Grupo Rinascita de Música Antiga como bem imaterial, bate-papo sobre literatura e exposição de poesias. A idéia é fazer a cultura circular no município, usando como fio condutor a literatura de Schmidt, ilustre filho da cidade.
          Junto com as atividades culturais que pontuam a Semana, vem, também, uma ótima notícia: o tombamento do Grupo Rinascita, como bem imaterial de Cubatão. A iniciativa, do Condepac (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural). A assinatura do decreto pela Prefeita Marcia Rosa, que valida o tombamento, ocorre no dia 29/6 às 10h, no saguão do Paço Municipal. O Rinascita é um grupo de música antiga que surgiu em 1974, dentro do então Conservatório Musical. Com um repertório voltado para música renascentista e barroca, os músicos utilizam instrumentos que são réplicas daqueles utilizados nos grandes salões de baile europeus, como guitarra barroca, alaúde, uma família de flautas doces, viola da gamba e instrumentos de percussão.
          Durante a Semana Afonso Schmidt acontece também a exposição “Poesia Visual”, do artista Paulo de Toledo. No chamado “varal de leitura” instalado em frente à Biblioteca Central, o público vai encontrar poemas, contos e ensaios do escritor publicados em sites especializados em literatura. Nascido em Santos, Paulo de Toledo tem uma vida intelectual e literária atuante: é colaborador da revista de poesia Babel, vencedor do da categoria poesia no V projeto Nascente (USP/Editora Abril 1995) e do I Concurso Binacional de Conto Brasil-México (2001).
          Com o objetivo de divulgar a vida e obra de Afonso Schmidt, a programação também conta com a Leitura Dramática da peça “Carne para canhão”, escrita por Schmidt em 1934, detalhando o front da Revolução Constitucionalista. A obra já foi traduzida para espanhol e italiano. A Leitura está marcada para as 20 horas do dia 02/07 na Biblioteca Municipal Central.
          E no dia 1°/7 às 20h, encerrando as homenagens, haverá Mesa Redonda em que intelectuais e público poderão discutir a obra de Afonso Schmidt. Fazem parte da mesa de debates: o escritor Marciel Ariel, escritor e ator Cícero Gilmar Lopes, jornalista Alessandro Atanes e o ator e poeta Natan Alencar. O bate-papo acontece na OAB de Cubatão, que fica na rua Joaquim Miguel Couto, 106.
          Afonso Schmidt nasceu em Cubatão em 29 de junho de 1890. O menino trazia com orgulho o sobrenome de seu bisavô, um alemão que viera ensinar os rudimentos da arte guerreira aos toscos soldados de Dom Pedro I. De Cubatão, levado pelos pais, foi morar em São Paulo na Rua Bresser, em meio a fábricas de chocolates e confecções. Foi em um grupo escolar do Brás que Afonso Schmidt, lá por 1904, teve a primeira experiência com as letras: ganhou de um colega uma pequena impressora, um trambolho com o qual, na verdade, não se entendeu. Nas férias, ao retornar para a casa dos avós, o menino trouxe a pequena tipografia e começou a compor o que poderia ter sido o primeiro periódico de Cubatão, naquela Cubatão bucólica, a esse tempo um arrabalde muito distante de Santos. Logo depois, de volta a São Paulo, juntamente com Oduvaldo Viana, publicou o semanário Zig-Zag. Não tinha ainda 16 anos. Já colaborava com jornais do interior de São Paulo. Por essa época, atraído pelas festas de posse do presidente Afonso Pena, decidiu viajar sozinho para o Rio de Janeiro, então capital da República. Seu primeiro livro, "Lírios roxos", foi editado com dinheiro que sua mãe juntou e emprestou ao filho, que o vendeu de porta em porta. Em 1907, com 16 anos, parte para Lisboa. Resolve ir a Paris, onde consegue emprego numa editora que preparava um dicionário francês-português. Depois de um ano na Europa, retorna a Santos e dedica-se ao jornalismo. Em 1911 publica seu primeiro livro de poesia, “Janelas Abertas”. Em Santos foi redator dos jornais Folha da Noite, Diário de Santos e A Tribuna. Em 1924 trabalha em O Estado de S.Paulo, onde permaneceu quase até os seus últimos dias. Foi nesse jornal que publicou em folhetim no suplemento literário alguns de seus principais romances: “A Sombra de Júlio Frank”, “A Marcha” e “Zanzalá”. Em 1950, a revista O Cruzeiro concedeu-lhe um prêmio pela obra “Menino Felipe”. Em 1963 recebeu o prêmio O Intelectual do Ano, troféu Juca Pato, concedido pela União Brasileira de Escritores. Faleceu em 3 de abril de 1964, na cidade de São Paulo, aos 73 anos.  Texto: Morgana Monteiro
 

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