25 de fev. de 2011

Amigos da Biblioteca lêem Cecília Meireles

Chico Buarque é o próximo, em 10 de março

"Às 15 horas de segunda-feira, 9 de novembro de 1964, os poemas de Cecília Meireles alcançaram a perfeição absoluta" – assim afirmou o poeta Carlos Drummond de Andrade na apresentação póstuma de um dos livros daquela autora, selecionados pela Sociedade Amigos da Biblioteca de Cubatão (SAB) para a Roda de Leitura realizada nesta quinta-feira (24/2) na Biblioteca Central cubatense. Aberto ao público e gratuito, o evento é realizado quinzenalmente: o próximo terá como tema Chico Buarque e será no dia 10 de março, às 19h30, no mesmo local.

Mediado por Natanael Gomes de Alencar, o encontro analisou a obra de Cecília Meireles considerando a grande influência das perdas que ela sofreu: antes mesmo de nascer, perdeu o pai, e logo depois a mãe e os três irmãos mais velhos. Essas perdas continuaram através de sua vida (seu primeiro marido se suicidou) – e foram tantas que, como observou o mediador, ela poderia ter enlouquecido, mas acabou canalizando essa dor para a arte, trabalhando esse sentimento de forma lírica e assim transcendendo a dor: sua obra é toda marcada pela ausência de esperança, pela tristeza latente, pela aceitação versus inconformismo, pelo cair/levantar.

Se poesia é uma reflexão sobre a vida, como foi então lembrado, o grupo reunido na biblioteca procurou fazer uma reflexão sobre a poesia de Cecília Meireles (que nasceu no Rio de Janeiro em 1901 e aos nove anos de idade escreveu sua primeira poesia).

Foi destacado, por exemplo, como ela se rebelou contra a obrigatoriedade do ensino religioso imposta pelo presidente Getúlio Vargas, por ser partidária da liberdade no aprendizado – posição arriscada frente à sociedade brasileira de sua época. Liberdade que ela defendia em versos como estes: "...Liberdade, essa palavra/que o sonho humano alimenta/que não há ninguém que explique/e ninguém que não entenda..." (Romanceiro da Inconfidência)

Cecília, que organizou a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, dizia encarar a clássica ilha deserta como um passatempo, para a qual, se num naufrágio tivesse que escolher um livro, levaria um dicionário qualquer ("O Livro da Solidão", Folha da Manhã, 1948). Sem optar por uma estética literária específica, como foi lembrado no encontro da SAB cubatense, Cecília é também a autora de versos como: "Nossa alma anda em letras miúdas,/Que se aproximam, que se entendem,/Que vão e vêm como formigas.../Aqui sonhamos, aqui vamos morrendo." (Abajur de Lina, 1951).
Carlos Pimentel Mendes – MTb. 12.283-SP
Fotos: Carlos Felipe

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