24 de nov. de 2011

Artigo: O ofício de Narrar

Gláucia de Souza - autora de livros para crianças,
formada em Letras e Mestre em Educação (UFRGS)

Muito me instiga o contar. Ou melhor, ele me arrebatava desde a infância, sentada, envolta em revistas Recreio, com as quais construía castelos, recordava outras histórias de literatura ou de família. Contar começou com o ouvir o contado, numa corporação de ofício em plena época capitalista. Avó, mãe, tia, comadre, vizinha... o espaço do feminino ressuscitando o ofício do artesão e o seu tédio, essencial, segundo Benjamin (1936), para o ofício de narrar.

Narrar, tecer. Não o fio da memória, mas o da vida. Enquanto o tempo passa, mantê-lo extático na imersão em história retomada fio a fio, geração a geração, como os galos que João Cabral (Melo Neto, 1973) fez tecerem a manhã.

Tecer, viver. Nas narrativas populares, são freqüentes os tecelões, as tecelãs: Rumpelstiltskin salva a filha do moleiro ao tecer palha e fazê-la virar ouro. A moça, salva da mentira que seu pai inventara, a de que esta transformava palha em ouro, casou-se com o rei e, por dívida, teria que dar seu primogênito ao homenzinho que a salvou da morte. Tecer o fio, tecer a vida. Duas vidas envolvidas nas tramas do tear. Muitas outras, presentes nos contos de fadas: Rapunzel (Grimm, 1987) tece suas tranças, a Bela Adormecida do Bosque (Perrault, 1985) dorme, estado de morte. Já disse Shakespeare, na voz de Hamlet: "To die -- to sleep / To sleep! perchance to dream." (Shakespeare, 1985)

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