Os arqueólogos Wagner Gomes Bornal, que atua no Litoral Norte
de São Paulo, em especial no Sítio São Francisco, em São Sebastião; e Manoel
Gonzalez, que desenvolve trabalhos na Baixada Santista, particularmente com
sambaquis e gestão do patrimônio histórico de Cubatão, uniram-se na tarde de
terça-feira, dia 23, para ministrar uma abrangente aula sobre Arqueologia, em
palestras ministradas no auditório da Biblioteca Municipal.
Falando para um público pequeno, mas atento - membros do
Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Cubatão (Condepac),
professores, servidores municipais das áreas de Cultura e Turismo, além de
cidadãos interessados no assunto -, Wagner Bornal afirmou ser fundamental que o
arqueólogo tenha raízes locais e esteja envolvido com as comunidades onde atua,
dizendo que o importante não é o que se acha nos sítios arqueológicos, mas o
que se consegue descobrir sobre a vida das pessoas que utilizaram esses
materiais.
Para ele, a função da Arqueologia é, a partir do estudo de
restos de túmulos e utensílios, ferramentas e outros fragmentos deixados por
grupos humanos do passado, conhecer e entender o nosso padrão de vida presente.
O eixo desse trabalho é a prática da Arqueologia Pública, que propõe ações
visando divulgar e compartilhar o conhecimento arqueológico com crianças,
adultos, professores e diversos públicos específicos, envolvendo campos como a
arqueologia colaborativa e comunitária, estudos da cultura material e suas
apropriações contemporâneas, entre outros - ler mais em www.arqueologiapública.com.br.
Wagner Bornal também falou sobre as ações de gabinete, de
campo e de laboratório desenvolvidas pelos arqueólogos, enfatizando a
importância das novas tecnologias para a realização dessas tarefas. Explicou
que, no Brasil, os estudos se voltam para a nossa Pré-História (grupos humanos
que habitaram essas terras antes de 1.500: caçadores, coletores, ceramistas) e
a nossa História (grupos que aqui viveram após 1.500: construtores de fábricas,
igrejas e outras edificações, bem como de seus símbolos e significados).
"Fazer arqueologia é ler as cicatrizes da paisagem", disse.
Centrando sua palestra nos trabalhos que desenvolve na
Cidade, o arqueólogo Manoel Gonzalez justificou a afirmativa de que Cubatão
está na origem da ocupação desta região, explicando que as mudanças climáticas
ocorridas há 5.000 anos provocaram o avanço do mar até as bases da região de
serras, onde se estabeleceram os primeiros agrupamentos humanos que viveram
nesta parte da Terra.
Aqui construíram sítios cerimoniais, onde enterravam seus
mortos (os sambaquis, os mais antigos tendo 6.500 anos), deixando neles
inúmeros testemunhos de sua cultura material e imaterial, os quais nos revelam
um modo de vida totalmente integrado com o ambiente. Manoel falou, ainda, sobre
os vários sambaquis existentes no Município, revelando a intenção da Prefeitura
de se criar um parque ecológico-arqueológico, englobando os dois maiores
sambaquis de Cubatão - Cotia-Pará 1 e Cotia-Pará 2 -, cujas origens datam de
mais de 5.000 anos e onde são encontrados sítios pré-históricos e históricos.
Foto: Felipe
Oswaldo de Mello
MTb 16561
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