24 de mai. de 2012

Dois especialistas dão uma aula sobre Arqueologia, em Cubatão

Os arqueólogos Wagner Gomes Bornal, que atua no Litoral Norte de São Paulo, em especial no Sítio São Francisco, em São Sebastião; e Manoel Gonzalez, que desenvolve trabalhos na Baixada Santista, particularmente com sambaquis e gestão do patrimônio histórico de Cubatão, uniram-se na tarde de terça-feira, dia 23, para ministrar uma abrangente aula sobre Arqueologia, em palestras ministradas no auditório da Biblioteca Municipal.
Falando para um público pequeno, mas atento - membros do Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Cubatão (Condepac), professores, servidores municipais das áreas de Cultura e Turismo, além de cidadãos interessados no assunto -, Wagner Bornal afirmou ser fundamental que o arqueólogo tenha raízes locais e esteja envolvido com as comunidades onde atua, dizendo que o importante não é o que se acha nos sítios arqueológicos, mas o que se consegue descobrir sobre a vida das pessoas que utilizaram esses materiais.
Para ele, a função da Arqueologia é, a partir do estudo de restos de túmulos e utensílios, ferramentas e outros fragmentos deixados por grupos humanos do passado, conhecer e entender o nosso padrão de vida presente. O eixo desse trabalho é a prática da Arqueologia Pública, que propõe ações visando divulgar e compartilhar o conhecimento arqueológico com crianças, adultos, professores e diversos públicos específicos, envolvendo campos como a arqueologia colaborativa e comunitária, estudos da cultura material e suas apropriações contemporâneas, entre outros - ler mais em www.arqueologiapública.com.br.

Wagner Bornal também falou sobre as ações de gabinete, de campo e de laboratório desenvolvidas pelos arqueólogos, enfatizando a importância das novas tecnologias para a realização dessas tarefas. Explicou que, no Brasil, os estudos se voltam para a nossa Pré-História (grupos humanos que habitaram essas terras antes de 1.500: caçadores, coletores, ceramistas) e a nossa História (grupos que aqui viveram após 1.500: construtores de fábricas, igrejas e outras edificações, bem como de seus símbolos e significados). "Fazer arqueologia é ler as cicatrizes da paisagem", disse.
Centrando sua palestra nos trabalhos que desenvolve na Cidade, o arqueólogo Manoel Gonzalez justificou a afirmativa de que Cubatão está na origem da ocupação desta região, explicando que as mudanças climáticas ocorridas há 5.000 anos provocaram o avanço do mar até as bases da região de serras, onde se estabeleceram os primeiros agrupamentos humanos que viveram nesta parte da Terra.

Aqui construíram sítios cerimoniais, onde enterravam seus mortos (os sambaquis, os mais antigos tendo 6.500 anos), deixando neles inúmeros testemunhos de sua cultura material e imaterial, os quais nos revelam um modo de vida totalmente integrado com o ambiente. Manoel falou, ainda, sobre os vários sambaquis existentes no Município, revelando a intenção da Prefeitura de se criar um parque ecológico-arqueológico, englobando os dois maiores sambaquis de Cubatão - Cotia-Pará 1 e Cotia-Pará 2 -, cujas origens datam de mais de 5.000 anos e onde são encontrados sítios pré-históricos e históricos.
Foto: Felipe
Oswaldo de Mello
MTb 16561

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